Um dos principais motivos da desunião no mundo de hoje e no passado, que provocou desentendimentos e guerras, causando o maior número de mortes em nossa história, é ironicamente, as diferenças causadas pelas crenças religiosas.
Em essência, a religião é uma doutrina que promove a paz e o amor, mas infelizmente as pessoas entendem isso da forma errada.
O artigo 18 da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) diz que "...todos temos o direito de ter nossas próprias crenças, de ter uma religião, não ter religião ou de mudá-la".
Por que deu errado então?
A resposta para uma pergunta tão complexa é simples - porque não existe uma entidade superior para nos dizer "todos vocês devem respeitar e amar a religião uns dos outros". Infelizmente não existe um ser tão superior - então por que não criar um conselho autorregulador para esse fim?
Com isso em mente, podemos usar um conselho OMNIreligioso com os líderes de todas as religiões do mundo, não importa quão pequeno ou grande o número de seguidores, tentando trazer paz e equilíbrio entre as religiões.
Mas, tenho certeza de que, se eu escrevesse e falasse o que penso hoje, talvez fosse incompreendido e criticado por aqueles que defendem suas convicções - a melhor maneira de passar adiante a teoria OMNIreligion é fazer um ADF (Artigo dos Dias Futuros) - desta forma, livre de preconceitos, fica mais fácil passar minhas ideias - aqui está uma história que poderia muito bem ter sido escrita em 27 de outubro de 2066.
"Inaugurada hoje, 27 de outubro de 2066, a sede do centro Pro-Good Omnireligion, (sigla para Polly Religious Organization - Good is the Only One Destiny) perto da cidade de San Luis, Argentina (localizado exatamente nas coordenadas 33°s 66 °w, de acordo com indicações numerológicas específicas).
Como o próprio nome diz a Pro-Good é um núcleo multi religioso que tem o compromisso de celebrar a harmonia entre as religiões mundiais. As religiões que hoje unem o mundo neste lindo complexo de edifícios, foram durante muito tempo o gatilho para guerras e desentendimento. Desde o assassinato de Hipátia, diretora do complexo da biblioteca de Alexandria por párocos religiosos, as mortes ocorridas entre cristãos e muçulmanos nas rotas de Jerusalém, desentendimentos entre judeus e palestinos no Oriente Médio, e mesmo o terrorismo de separatistas, que na falta de um estado, cometem crimes em nome de sua religião resolveram botar um fim na barbárie para viverem o resto de suas vidas em paz.
A Pro-Good foi primeiramente sugerida por um grupo de crianças omnireligiosas numa classe do pré-primário da The Montessori School of New York, no ano de 2036.
Durante uma palestra de educação religiosa um grupo de alunos escreveu num cartaz “Por que as religiões que deveriam levar o homem a sabedoria divina causou tantas mortes em guerras sangrentas durante a historia de nossa civilização?”. Sem resposta o palestrante começou a chorar quando um garoto do mesmo grupo de alunos sugeriu a criação de um órgão regulador mundial para que as religiões não mais cometessem atrocidades em nome de Deus.
Diferente dos adultos, crianças são livres de preconceito. Aquela geração de crianças de 2036 cresceu e concebeu o conjunto religioso do Pro-Good na que inauguramos hoje nos lindos campos da Argentina.
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Liderados pelo papa João Paulo II, mais de 150 representantes de 12 grandes religiões mundiais realizaram uma jornada de nove horas de jejum e orações pela paz, na pacata cidade de Assis, Itália - 27 de outubro de 1986 |
A exatos oitenta anos atrás no dia 27 de outubro de 1986, o papa João Paulo II promoveu um encontro de oração, jejum e peregrinação com líderes religiosos de diversas regiões do mundo na cidade de S. Francisco de Assis, na Itália.
O Cardeal Roger Etchegaray, se emociona ao recordar o histórico dia:
«Diante da Basílica de S. Francisco – continua o então Presidente de Justiça e Paz, organizador do evento – onde, cheio de frio, cada qual procurava encostar-se ao vizinho (João Paulo II estava ao lado do Dalai Lama), quando alguns judeus saltaram por cima do palco para oferecer ramos de oliveira aos muçulmanos, também eu dei por mim a enxugar as minhas lágrimas».
A emoção que já era grande chegou a seu auge quando, no findar daquela cinzenta manhã, o arco-íris apareceu sobre a cidade de Assis, os chefes religiosos convocados entreviram um forte apelo à vida fraterna: ninguém mais podia duvidar que a oração tivesse provocado aquele sinal visível de harmonia entre Deus e os homens”.
Esta possível matéria de um jornal do futuro descreve o que fatalmente devera acontecer no mundo globalizado. É impossível não ser 'poli religioso' aqui no Brasil - se você vai a missa católica com a sua mãe, no terreiro de Umbanda com seu amigo, no bar mitzvah do sobrinho, assiste um evento budista e de quebra vai buscar o filho numa festa Mormon.
O ARTIGO 18.º da declaração Universal dos Direitos Humanos assegura “Toda a pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião; este direito implica a liberdade de mudar de religião ou de convicção, assim como a liberdade de manifestar a religião ou convicção, sozinho ou em comum, tanto em público como em privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos”.
Como deverá ser o Pro-Good
Diferentemente do que acontece com templos de outras religiões, o complexo é administrado por um CEO ateu (a tolerância religiosa implica também na tolerância da ausência de crenças religiosas).
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Líder falando sobre o Zoroastrismo |
O líder ateu é uma escolha perfeita posto que é religiosamente neutro e tem o objetivo de gerir as contas da organização com máxima transparência, com base na economia de mercado.
As obras assistenciais conseguem um numero de doadores estonteantemente grande e tem ramificações em todo o mundo.
Outro grande passo rumo a lisura das atividades religiosas e a formação de psiquiatras aplicados, psicólogos aplicados, profissionais médicos de diversas outras áreas, e terapeutas energéticos isentos, que atuam em cada religião com o propósito de fornecer o tratamento adequado aos fieis que foram levados a religião por diversos níveis de desequilíbrios de saúde. As religiões devem ser cultuadas de forma sadia com o propósito de entender os caminhos espirituais e não devem de forma alguma explorar seus fieis.
As doações financeiras devem ser feitas por fieis que tenham sua sanidade mental/espiritual devidamente atestada por estes profissionais.
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Encontro de Assis, no Vaticano Sexta-feira, 28 de outubro de 2011
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No edifício central existe um enorme arquivo com Bancos de dados, livros e documentos de todas as religiões do mundo para livre consulta.
Quatro grandes altares estão sempre lotados com fieis que escutam e interagem com lideres religiosos que alternam a ágora (palco de cada altar).
Existe também os conciliadores que tem o único objetivo de evitar discussões acaloradas com base nos princípios básicos do Pro-Good de harmonia, tolerância e fraternidade.
Cada fiel é incentivado a tirar o melhor dos conhecimentos apresentados das diversas religiões por meio da ‘fé pela contestação’, e criar sua própria ‘persona religiosa’ com orações e reflexões individuais. Também são incentivados a respeitar a crença do próximo da forma que também tem suas crenças respeitadas.
A sede de São Luiz, administra as filiais espalhadas pelo mundo bem como os devidos escritórios de obras sociais.
A idéia não é o de miscigenar todas as religiões em um amontoado de crenças globais e exterminar a regionalidade e seus vínculos sócio-culturais. Pelo contrario, a Pro-good incentiva o resgate dos cultos em seus idiomas originais, com vista a propagação e a preservação da cultura dos povos.
Outra área bastante interessante é o da Arqueologia religiosa, ritos antigos como os cultuados no antigo Egito ou mesopotâmia foram meticulosamente estudados e cultuados em seu idioma original e da forma adequada.
Os benefícios do Pro-Good à humanidade são inúmeros e não duvido nada que uma instituição como estas passe a ser declarado como patrimônio humano pela UNESCO logo quando for criado.