Prospenomia

Prospenomia (Prospenomics em inglês) é o estudo da prosperidade e seus geradores, a fim de traçar um caminho para a Pós-Escassez. Através de uma abordagem económica e social que transcende os paradigmas convencionais da teoria económica conhecida, que tem uma abundância relativamente baixa à custa de um trabalho árduo e ineficiente, e não consegue distribuir o bem-estar entre os homens, dando pouca ou nenhuma atenção aos resíduos e caos gerados no planeta. O campo de estudo da porspenomia, desenvolvido por Luiz Pagano, surge da necessidade urgente de repensar os modelos económicos e sociais atuais e para isso devemos estudar todas as formas conhecidas de prosperidade, desde decisões inteligentes tomadas na antiguidade, bem como as ficções de Gene Roddenberry de Star Trek, que vislumbra um futuro em em que a prosperidade é abundante, não se usa mais frações monetárias para a troca de bens e serviços, e as pessoas trabalham para satisfazer seus talentos e ambições de elevação pessoal; ou também a de Buckminster Fuller, em que a prosperidade não se limitava apenas à acumulação de riqueza material ou ao crescimento económico, mas era uma questão de garantir bem-estar e sustentabilidade para todas as formas de vida no planeta. BASIC ARGUMENT OF PROSPENOMICS/PROSENOMY by Luiz Pagano, Setembro de 2007

terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

Teoria Geral da Prospenomia 1

 


A chegada de uma economia prospenomica é inevitável e está relacionada com interações socioeconômicas humanas, mas, acima de tudo, está intimamente relacionada à forma como interagimos com o planeta: 1- como usamos os recursos naturais disponíveis, em primeiro lugar; 2- a forma como nos relacionamos com outras formas de vida, em segundo plano; e, finalmente, 3- a forma como interagimos culturalmente uns com os outros.


A forma como interagimos uns com os outros, tem, se não for bem direcionada, o potencial de minar as duas primeiras interações, um exemplo é o processo que levou à Crise dos Mísseis de Cuba em 1962 ou como usamos indiscriminadamente o CFC, causando danos ao escudo oferecido pela camada de ozônio, com potencial para esterilizar a vida no planeta. Nesses dois exemplos vemos que as interações sociais humanas podem pôr em perigo todas as formas de vida no planeta, humanas e não humanas.

Carl Sagan disse uma vez: “Temos sorte: estamos vivos; somos poderosos; o bem-estar de nossa civilização e nossa espécie está em nossas mãos. Se não falarmos pela Terra, quem o fará? Se não estivermos comprometidos com nossa própria sobrevivência, quem estará?”
Por isso vamos começar por falar dela.

A economia social prospenómica surge como resultado da concepção de uma civilização global, predita por Samuel Hutington, que mesmo sendo cada cultura diferente e única, cultuamos elementos de sua própria cultura de origem, respeita e interage positivamente com outras culturas, e entende como RIQUEZA COMO A DIVERSIDADE, entende que o planeta é um único organismo QUE SÓ PODE PROSPERAR EM UNIÃO e que ações beligerantes, de todos os tipos, são altamente prejudiciais ao todo.

As situações do dia a dia nos dizem que, do ponto de vista prático, ações inteligentes que promovem a prosperidade e a boa convivência ganham cada vez mais destaque nas relações globais, em todos os níveis: 1-desde a origem dos voos comerciais, percebeu a necessidade de uma linguagem única para os controladores de voo, com o objetivo de organizar rotas e reduzir acidentes; 2-regras comerciais globais são discutidas, hoje de forma elitizada em Davos, mas no futuro próximo de forma mais democrática, com perspectivas de serem mutuamente aceitas e, principalmente, as crescentes interações sociais via aplicativos disponíveis na Internet, hoje bastante polarizados, que exigem a necessidade de rotinas para mitigar os conflitos individuais, tornando-os instrumentos de valorização das diferenças, de crenças e valores, com propósitos evolutivos e não mero foro de ofensas aos que pensam diferente.

Más, como chegamos até aqui e como procedemos em diante?

Desde a 'Era Axial' (500-300 aC) que corresponde ao período em que a maioria das principais tradições religiosas e espirituais foram concebidas nas sociedades européias, o tema da aceitação e trabalho conjunto é debatido, mas infelizmente pouco aplicado na vida prática.

A Era do Iluminismo enriqueceu profundamente a compreensão religiosa e filosófica e continua a influenciar o pensamento atual. As obras coletadas aqui incluem obras-primas de David Hume, e Jean-Jacques Rousseau, bem como sermões religiosos e debates morais sobre questões do dia, como o comércio de escravos. 



Immanuel Kant escreve “[Um homem], que está em prosperidade, enquanto vê que os outros têm que lidar com grande miséria e que ele poderia ajudá-los, pensa:

Que preocupação é minha? Que cada um seja tão feliz quanto o Céu quiser, ou quanto puder fazer a si mesmo;

Não aceitarei nada dele nem mesmo o invejarei, apenas não desejo contribuir em nada para o seu bem-estar ou para a sua ajuda na aflição!

Agora, sem dúvida, se tal modo de pensar fosse uma lei universal, a raça humana poderia muito bem subsistir, e sem dúvida ainda melhor do que em um estado em que todos falam de simpatia e boa vontade, ou mesmo cuidam ocasionalmente de colocá-lo na prática, mas, por outro lado, também trapaceia quando pode, trai os direitos dos homens ou os viola de outra forma.

Mas, embora seja possível que uma lei universal da natureza possa existir de acordo com essa máxima, é impossível querer que tal princípio tenha a validade universal de uma lei da natureza. Pois uma vontade que resolvesse isso se contradiria, na medida em que muitos casos poderiam ocorrer em que alguém precisasse do amor e da simpatia de outros e nos quais, por tal lei da natureza, surgido de sua própria vontade, privaria a si mesmo de toda a esperança da ajuda que deseja”.

(Immanuel Kant - Königsberg, 22 de abril de 1724 — Königsberg, 12 de fevereiro de 1804)

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A Idade da Razão viu o conflito entre protestantismo e catolicismo ser transformado em um conflito entre fé e lógica - um debate que continua no século XXI.

Entre os cristãos protestantes a prosperidade, a bênção financeira e o bem-estar físico são reflexos da vontade de Deus para com os fieis. Diz ainda que a fé, o discurso positivo e as doações para causas religiosas aumentarão a saúde e a riqueza material da pessoa.O sucesso material e principalmente financeiro é visto como um sinal de favor divino.

Assim como a I Guerra Mundial deu grande impulso ao comunismo, exaltou o liberalismo e gerou a chamada terceira onda, a do fascismo, a II Guerra Mundial gerou a Guerra Fria, com a polarização de duas grandes potências mundiais e países não alinhados.

Na década de 1990, o cientista político, conselheiro e acadêmico americano Samuel Hutington explica em 'The Clash of Civilizations' como diferentes culturas se sobrepuseram à bipolaridade se a Guerra Fria e pelo menos 9 outras grandes civilizações surgiram:

- Ocidental - culturas da Europa e dos Estados Unidos;
- América Latina – intercalando iniciativas de esquerda para implantar o comunismo com forças militares de direita intervindo contra ele;
- Africano - praticamente todos os estudiosos concordam e reconhecem a África como uma cultura distinta, com exceção de Braudel que considera o a África Saariana como islâmica, o sul como imperialismo europeu e a Etiópia como uma cultura única
- Islâmica - Originária da Península Arábica no século VII dC, a cultura islâmica se espalhou pelo norte da África, península Ibérica e Sudeste Asiático.
- Civilização Sínica - Nascida há 1500 ou mesmo 2500 anos, Huttington considera esta civilização que corresponde a grande parte do território Chinês, como Confuciana, que serve como componente unificador (com controvérsias);
- Hindu - existe desde 1500 AC, mais do que uma religião ou sistema social, o Hinduísmo é o cerne da cultura indiana. Assim como a Sínica, são culturas que se expandem para além do estado de origem;
- Ortodoxa - é a civilização dos países cuja religião predominante é a doutrina do cristianismo surgida na Bizantina e dos governantes Tártaros, composta principalmente pela Rússia e Europa Oriental;
- Budista – Baseado nos ensinamentos de Buda o hinduísmo difere do budismo por dois elementos centrais - o primeiro porque o budismo rejeita pregações de líderes religiosos e ministros, tem a meditação como elemento chave, e o segundo porque rejeita o sistema indiano de castas;
e - Japonesas - que, embora muito próximas da Chinesa, teve seu destaque bastante reforçado nas décadas de 1970/80 e início dos anos 90 com grandes avanços tecnológicos e econômicos;

Tendemos a perceber que nossa civilização nos define mais pelo que não somos do que pelo que somos:

-Se dois sul-americanos conversam com um inglês, o diferente é o inglês, embora todos sejam terráqueos;
-Se dois brasileiros conversam com um argentino, o diferente é o argentino, embora todos sejam sul-americanos;
-Se dois Yanomamis conversam com um brasileiro da cidade, a diferença é o cara da cidade, embora todos sejam brasileiros.

Segundo Huntington, todas essas civilizações continuarão se percebendo como diferentes de acordo com suas origens, suas línguas se distanciarão umas das outras à medida que forem ganhando poder. No entanto, uma Civilização Universal surgirá quando uma forma de vida diferente se apresentar (por exemplo, um extraterrestre), então nos uniremos como uma civilização terrestre diferente da extraterrestre.

Isso também pode acontecer quando percebemos que outros seres que compartilham o planeta conosco também têm suas próprias civilizações, que embora não sejam tão elaboradas quanto a nossa, são de fundamental importância para o planeta, como redes miceliais subterrâneas, abelhas, baleias.

Prospenomics e Reajuste da Civilização Universal ao Planeta Terra

Todas essas diferenças em diferentes níveis socioculturais devem ser vistas como insignificantes diante de toda a dinâmica do planeta que ignoramos. O ser humano é único em seu gênero e espécie, assim como todas as demais espécies vivas deste planeta.

“Os fatos não deixam de existir porque são ignorados.” - Aldous Huxley



Só chegamos aqui porque houve um equilíbrio entre diferentes formas de vida que evoluíram juntas nos últimos 4,5 bilhões de anos de evolução.

Não é só porque nossa sociedade evoluiu mais intensamente do que as outras formas de vida na Terra que devemos ignorá-las ou menosprezá-las.

Devemos, como qualquer outra forma de vida neste planeta, agir de forma colaborativa, respeitando os extintos que nos trouxeram até aqui e aceitando aqueles que vemos como substitutos dos menos adaptados de agora.

O assunto parece ter dado um salto do tema sociocultural humano para a questão da evolução na Terra - isso é proposital, é melhor que esse susto seja dado em um texto do que em manifestações no planeta, com potencial de causar grandes danos à humanidade.




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